O Romantismo no Brasil está associado ao período pós-Revolução Francesa, expressando um descontentamento das classes desfavorecidas ou marginalizadas no decorrer da destruição do Velho Regime.
Os Valores dominantes no Romantismo foram o cristianismo, o medievalismo, a valorização da emoção e do amor, o nacionalismo , a evasão, o culto ao passado das nações, o subjetivismo voltado para si mesmo e as rejeições às formas. O indianismo foi a versão brasileira do nacionalismo romântico, pois o índio é tratado como herói do passado colonial.
As mudanças sociais, políticas e econômicas causadas pela Revolução Francesa permitiram a ascensão da burguesia e valorizaram o indivíduo. É o período da individualidade. A independência do Brasil permitiu maior contato com os centros europeus, aumentou o alcance da imprensa, fez com que as primeiras faculdades fossem fundadas, permitiu maior circulação de ideias, o que ajudou muito para o amadurecimento da literatura Brasileira.
As Gerações do Romantismo
São apontadas três gerações de escritores românticos no Brasil.
A primeira geração:Nacionalista, indianista e religiosa. Nela se destacam Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.
A segunda geração: Marcada pela crise existencial, apresenta egocentrismo exacerbado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Seus principais
representantes são Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.
A terceira geração: É formada pelo grupo de condoreiro, desenvolve uma poesia de cunho político e social. A maior expressão desse grupo é Castro Alves.
CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que eu desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’in da aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias
É ela! É ela! É ela! É ela
Álvares de Azevedo
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
e o eco ao longe murmurou — é ela!
Eu a vi... minha fada aérea e pura —
a minha lavadeira na janela.
Dessas águas furtadas onde eu moro
eu a vejo estendendo no telhado
os vestidos de chita, as saias brancas;
eu a vejo e suspiro enamorado!
Esta noite eu ousei mais atrevido,
nas telhas que estalavam nos meus passos,
ir espiar seu venturoso sono,
vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
Como dormia! que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado!
Afastei a janela, entrei medroso...
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
um bilhete que estava ali metido...
Oh! decerto... (pensei) é doce página
onde a alma derramou gentis amores;
são versos dela... que amanhã decerto
ela me enviará cheios de flores...
Tremi de febre! Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
eu beijei-a a tremer de devaneio...
É ela! é ela! — repeti tremendo;
mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!
Mas se Werther morreu por ver Carlota
Dando pão com manteiga às criancinhas,
Se achou-a assim tão bela... eu mais te adoro
Sonhando-te a lavar as camisinhas!
É ela! é ela, meu amor, minh'alma,
A Laura, a Beatriz que o céu revela...
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
E o eco ao longe suspirou — é ela!
Referências:
AMARAL, Emília.Novas palavras: língua portuguesa. 2 ed. São Paulo,2005.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil.2 ed. Rio de Janeiro: Sul Americana,1970.
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/banco_de_questoes/portugues/cancao_do_exilio. Acessado em
19/06/2013
19/06/2013
http://www.releituras.com/alvazevedo_eela.asp Acessado em: 21/06/2013
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSempre curti Álvares de Azevedo, ele é bem a minha cara. Espero ver posts com trechos de obras dele. :)
ResponderExcluirDigamos que o Gonçalves Dias foi o que mais estudei no ensino médio.
A seu pedido postarei! Obrigada!
ExcluirLer este Poema ....longe como estou é um hino de minha Alma...........gostei muito de sua iniciativa Edile, suas informações instrutivas e objetivas . Muito bom.
ResponderExcluirAh e me fez lembrar dois verso que compus a anos: Os Romanticos brasileiros morreram quase todos muito jovens, talvez amavam mais a Morte do que os cantores de Tango Argentino!
Nossa! Muito lindo! Obrigada pelas considerações!
ExcluirÓtima exemplificação com a Canção do Exílio, resgatando elementos românticos e nacionais!
ResponderExcluirAdoro esse poema mostra as principais caracteristicas do romantismo
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir"O exílio gonçalvino é físico, geográfico e ufanista em relação à terra brasileira diretamente posta em oposição à lusitana e exalta a autenticidade do ente brasileiro através da sua natureza que tem hegemonia sobre a de Portugal." e é o que corrobora mais uma vez com as características romanticas.
ResponderExcluirSarah Leão
Parabéns pelo material de qualidade postado em seu blog!! Adorei
ResponderExcluirMaravilhoso!
ResponderExcluirMuito bom!! O Romantismo é um período excepcional. Parabéns!
ResponderExcluirMuito bom o Blog e o tema!
ResponderExcluirVisitei. Ficou ótimo. Agora é só divulgar.
ResponderExcluirGenerosa Souto